domingo, 11 de setembro de 2011

Entrevista com a Sra Expedita





No dia 08 de setembro, as alunas Núbia, Gabriela e Reidianara, da turma 32-A, foram visitar a Sra Expedita, que participa do congado do Jatobá desde seus 9 anos de idade. Veja agora a entrevista.



Nome: Expedita

Idade: 83 anos







O que é o Congado pra você? O que ele representa na sua vida?



“Uma religião. Têm muitas pessoas que acham que o Congado é uma diversão, uma folia, que a gente gosta de pular. Eu participo por devoção, creio nisso, mas tem muitas pessoas que participam por diversão.”

Há quanto tempo você faz parte do congado?

“Desde os meus 9 anos de idade. Eu comecei ajudando na cozinha, com o café e comida, e também ajudava à olhar as crianças.”

O que mudou no Congado? Como você se sente com essas mudanças?

“Antigamente era mais simples. Não tinha tantas fantasias, colares. Nos tempos dos escravos, do jeito que eles saiam do trabalho, iam festejar. Quando os senhores os ‘liberavam’ eles iam pra senzala, e começavam a dançar, eles adoravam uma pedra, ainda não havia a imagem de Nossa Senhora. Eu acho que é bom, porque hoje é tudo mais colorido, bonito, chama mais atenção das pessoas. Antes ninguém gostava, achavam que era macumba, mas a partir de um governo, que eu não me lembro qual foi, eles decidiram que a festa tinha que ser popular, conhecida folcloricamente. Agora a festa acontece em vários lugares. ”

Mais alguma pessoa na sua família participa do Congado?

“Sim. Toda geração. Minha mãe era dona do Congado aqui. Toda a minha família participa: meus tios, irmãos, avós, pai, mãe... Pra nós, é uma religião.

Qualquer pessoa pode participar do congado?

“Pode. Antes, eram só os negros. Hoje, se você gostar, quiser participar, é só falar com o capitão, ou com o dono que eles anotam seu nome e você pode participar.”

Em quais datas acontece o Congado?

“No último sábado de agosto e em maio. Em outubro, é o mês da Nossa Senhora do Rosário, então também acontece a festa. Essas datas são escolhidas pelos santos em que nós acreditamos.”

Por que as pessoas que participam do congado, usam cores de roupas diferentes?

“Cada guarda tem uma cor. Por exemplo, os que se vestem de azul, Congo. Os que se vestem de branco, Moçambique.”

Atualmente, qual sua participação no Congado?

“Hoje eu voltei a trabalhar na cozinha. Eu ajudo com o café e a comida para os congadeiros. Há 5 anos não pulo congado, desde que meu marido ficou doente.”

Como são escolhidos o Rei e Rainha da festa?

“Qualquer pessoa pode ser mas ela vai ter que pagar todas as despesas da festa do ano. É só avisar o capitão, ele vai anotar seu nome, e você será. A pessoa também pode fazer um voto, por exemplo, se alguém estiver doente, ela faz um voto, e se essa pessoa for curada num determinado tempo, ela poderá explicar para o capitão a história, e então a pessoa que fez o voto será o rei ou a rainha. Eu já fui rainha da festa, tinha uns 32 anos na época.”


Conversa com José Apolinário



          Em uma conversa com José Apolinário, algumas alunas da turma 32-A, conseguiram coletar importantes informações sobre o congado, que veremos a seguir.

         José Apolinário entrou para a Comunidade de Nossa Senhora do Rosário com 10 anos através de sua família. Ele hoje está com 70 anos, e durante todo esse tempo, participa do congado.

  


  •          A Comunidade de Nossa Senhora do Rosário existe há mais de 130 anos, quando ainda habitavam escravos em Belo Horizonte, na região do Jatobá.



  •    O congado surgiu através dos negros vindos da África para o Brasil.
   
  •          As roupas que eles usam são em homenagem a Nossa Senhora do Rosário, que é padroeira dos negros. As cores são:  azul, braça e rosa.

  •         As fases do congado são: aspirante (pessoas que dançam); coxeiro (que tocam as caixas); fé de guia (que guia as pessoas durante a passada do congado); capitão (que comanda tudo).



O Congado - Origem


O que é?



O congado é uma manifestação cultural e religiosa de influência africana celebrada em algumas regiões do Brasil.

Trata basicamente de três temas em seu enredo: a vida de São Benedito, o encontro de Nossa Senhora do Rosário submergida nas águas, e a representação da luta de Carlos Magno contra as invasões mouras.

Origem

A lenda de Chico Rei revela que a origem das festas do Congado está ligada à igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Segundo a lenda, Francisco, escravo batizado com o nome de Chico - Rei, era imperador do Congo e veio para Minas Gerais com mais de 400 negros escravos.
Na sofrida viagem, Francisco perdera a mulher e os seus filhos, sobrevivendo apenas um. Chico Rei instalou-se em Vila-Rica trabalhou nas minas e somando o trabalho de domingos e dias santos, conseguiu realizar a economia necessária para comprar a sua alforria e a do filho. Chico Rei dançou na igreja para comemorar a alforria.
Posteriormente, obteve a alforria de seus súditos de nação e adquiriram a mina da Escandideira. Casou-se com uma nova rainha e o prestígio do “rei preto” foi crescendo.
Organizaram a irmandade do Rosário e Santa Efigênia e construíram a igreja do alto da santa cruz. Por ocasião da festa dos Reis Magos, em janeiro, e na de Nossa Senhora do Rosário, em outubro, havia grandes solenidades generalizadas com o nome de “Reisados”.
Nestas solenidades, Chico Rei coroado, antes da missa cantada, aparece com a rainha e a corte, vestido de ricos trajes; e seguidos por dançarinos e músicos. Os batedores, na festa, seguem com caxambus, pandeiro marimbas, canzás em intensas ladainhas.
O congado também é conhecido como “congada” ou “congo”, um festejo popular religioso afro-brasileiro mesclado com elementos religiosos católicos, com um tipo de dança dramática na coroação do rei do Congo, em cortejo com passos e cantos, onde a música é o “fundo musical” da celebração.
É um movimento cultural sincrético, um ritual que envolve danças, cantos, levantamentos de mastros, coroações e cavalgadas, expressos na festa do Rosário plenamente no mês de outubro.
São utilizados instrumentos musicais como cuíca, caixa, pandeiro e reco-reco, os congadeiros vão atrás da cavalgada que segue com uma bandeira de Nossa Senhora do Rosário.Na antiga capela de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos,inaugurada no início do século XVIII, até ser completada em 1750, foi criada a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, como já citado,para zelar e cuidar das tradições da santa padroeira dos escravos.No fim do festejo coroa-se o rei e a memória de uma cultura afro-brasileira.

O culto

O congado, também chamado de congo ou congada mescla cultos católicos com africanos num movimento sincrético. É uma dança que representa a coroação do rei do Congo, acompanhado de um cortejo compassado, cavalgadas, levantamento de mastros e música.Os instrumentos musicais utilizados são a cuíca, a caixa, o pandeiro, o reco-reco,o cavaquinho,o tarol,o tamboril,a sanfona ou acordeom. Ocorre em várias festividades ao longo do ano, mas especialmente no mês de outubro, na festa de Nossa Senhora do Rosário. O ponto alto da festa é a coroação do rei do Congo.Na celebração de festas aos santos, onde a aclamação é animada através de danças, com muito batuque de zabumba, há uma hierarquia, onde se destaca o rei, a rainha, os generais, capitães, etc.São divididos em turmas de números variáveis, chamados ternos ou guardas . Os tipos de ternos variam de acordo com sua função ritual na festa e no cortejo: Moçambiques, Catupés, Marujos, Congos, Vilões,contra-danças,ternos femininos e outros.